segunda-feira, outubro 16, 2006

Está na hora de escrever, marcelo

-Está na hora de escrever, marcelo!

Você já pôs sua roupa, tomou seu banho e a cabeça está fria e indulta, livre de qualquer pensamento estressante do dia. Está na hora de escrever, marcelo - é a frase que circunda e repete incessante em seus espirais devaneios. A barriga está cheia e não se poderá acusar a fome de qualquer displicência. Você senta e prepara o terreno pra colheita: mas a frase se recusa. Está presa, estancada nalguma parte de si que não impele movimento. Que dia! Que vida! Que outrora! Antes fosse ontem essa madrugada; a fazer chuva de doer ouvidos os pingos metralhados no basculante. O lado de fora é oco. Como venho condensando matéria dentro de mim! E faço de tudo um enxerto pessoal; o vazio de fora grita:

- está na hora de escrever, marcelo!

Que recusa! Que drama! Que fiasco! Pra que tanta resistência, meu deus!? Antes fosse tão fácil assim negar os instintos e o que fala de fora pra dentro. É um pedido, sem dúvida. Um clamor, com o perdão que a boa palavra já não aceita. Ah sentimentos hindus e completezas harmônicas!
Que valerão de mim tais corroborações? Eis que aqui vos dou, indolente como um parto cesariano, o texto pelo qual imploram e basta nisso tudo que sinto!

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Escreva que os leitores agradecem.
Adorei a frase 'fazer chuva de doer ouvidos os pingos metralhados no basculante...'

Acho que nossa música ficou pronta, tô só terminando algumas coisas!

1:12 PM  
Blogger Lua said...

Escreva, Marcelo, porque mesmo sem escrever você escreve.

Que dia de novembro é o seu dia?

beijocão

1:34 PM  

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