Está na hora de escrever, marcelo
-Está na hora de escrever, marcelo!
Você já pôs sua roupa, tomou seu banho e a cabeça está fria e indulta, livre de qualquer pensamento estressante do dia. Está na hora de escrever, marcelo - é a frase que circunda e repete incessante em seus espirais devaneios. A barriga está cheia e não se poderá acusar a fome de qualquer displicência. Você senta e prepara o terreno pra colheita: mas a frase se recusa. Está presa, estancada nalguma parte de si que não impele movimento. Que dia! Que vida! Que outrora! Antes fosse ontem essa madrugada; a fazer chuva de doer ouvidos os pingos metralhados no basculante. O lado de fora é oco. Como venho condensando matéria dentro de mim! E faço de tudo um enxerto pessoal; o vazio de fora grita:
- está na hora de escrever, marcelo!
Que recusa! Que drama! Que fiasco! Pra que tanta resistência, meu deus!? Antes fosse tão fácil assim negar os instintos e o que fala de fora pra dentro. É um pedido, sem dúvida. Um clamor, com o perdão que a boa palavra já não aceita. Ah sentimentos hindus e completezas harmônicas!
Que valerão de mim tais corroborações? Eis que aqui vos dou, indolente como um parto cesariano, o texto pelo qual imploram e basta nisso tudo que sinto!
2 Comments:
Escreva que os leitores agradecem.
Adorei a frase 'fazer chuva de doer ouvidos os pingos metralhados no basculante...'
Acho que nossa música ficou pronta, tô só terminando algumas coisas!
Escreva, Marcelo, porque mesmo sem escrever você escreve.
Que dia de novembro é o seu dia?
beijocão
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